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The theory of economic development

RESENHAS

The theory of economic development

Raimar Richers

Escola de administração de empresas de São Paulo

THE THEORY OF ECONOMIC DEVELOPMENT - Por Joseph A. Schumpeter (Harvard University Press, Cambridge, Mass., 1955 5.ª impressão, 255 páginas, US$ 4.00).

Talvez pareça inadequado comentar um livro cujo lançamento (em alemão) se deu há meio século atrás (em 1911). Contudo, desde que os economistas se têm dedicado com mais intensidade aos problemas do desenvolvimento, a obra do saudoso economista austríaco ganhou em atualidade.

O livro é composto de seis capítulos, entrelaçados pelo conceito catalisador do "entrepreneur", ou empresário. O primeiro capítulo explana as condições que levam uma economia ao equilíbrio, por meio do "fluxo circular" de elementos institucionais, fatores de produção, valor e moeda.

No segundo capítulo, o autor analisa o aspecto dinâmico que rompe o fluxo, determinado pelo "fenômeno fundamental" do empresário como inovador, que age na esfera industrial e comercial, tendo em vista a "realização de novas combinações".

Os dois capítulos que se seguem tratam dos instrumentos econômicos do "entrepreneur", quais sejam o capital, o crédito e o lucro empresarial. O crédito, de acordo com SCHUMPETER, é "essencialmente a criação de poder aquisitivo pôsto à disposição do empresário". O capital é "a alavanca que deve possibilitar ao empresário dominar os bens concretos de que êste necessita". O lucro é definido como o "superavit do custo", que resulta da realização de combinações e que desaparece quando o bem nôvo se íntegra no fluxo circular.

São muito pouco ortodoxas essas definições, o que lhes tem angariado críticas severas por economistas mais conservadores. Todavia, as suas conotações lhes imprimem um caráter dinâmico de grande fascinação, sobretudo para quem foram forjados êsses instrumentos - o empresário.

No quinto capítulo, SCHUMPETER desenvolve a sua teoria de juros, composta de três princípios. Primeiro, o juro é descrito como sendo "parte daquelas amplas ondas no mar dos valores econômicos empilhadas pelo desenvolvimento". Em segundo lugar, e de acordo com a difinição, o juro deve originar-se do lucro empresarial. Finalmente, o autor aponta que apenas parte dêsses lucros se reverte em juros, os quais, contràriamente ao lucro, não estão ligados a bens concretos, sendo, além disso, de natureza contínua, isto é, não temporária.

O sexto e último capítulo lida com a mui discutida teoria dos ciclos econômicos. A essência dessa teoria é descrita como o "efeito do aparecimento em massa de novas emprêsas sobre as condições de vida das (emprêsas) antigas e as condições ajustadas da economia, levando-se em conta o fato de que a nova iniciativa, geralmente, não surge dentro dos acontecimentos existentes, mas aparece como novidade que oprime as organizações existentes por meio da concorrência, alterando todas as condições ao ponto de exigir um processo de readaptação". Anos mais tarde, em seu livro "CAPITALISM, SOCIALISM, AND DEMOCRACY" (New York, Harper. 1950), SCHUMPETER denominou êsse ciclo de "processo de destruição criativa" que "incessantemente revoluciona a estrutura econômica interna, destruindo incessantemente a estrutura antiga e incessantemente criando uma estrutura nova". Responsável por êsse processo é, em última análise, apenas um fenômeno: o espírito renovador do empresário.

O que mais impressiona nesse estudo é a sua consistência e a sua lealdade absoluta a um tema fundamental. Quase todos os passos do desenvolvimento são interpretados como conseqüência direta ou indireta da mente criadora.

O campo em que operam as forças econômicas é, na opinião do autor, dominado quase que integralmente pelo comportamento humano. Talvez haja exagêro nesta interpretação. Contudo, se houver, é difícil comprová-lo, pois a argumentação de SCHUMFETER não é "sentimental", mas rigorosamente analítica. Isto, às vêzes, torna a leitura difícil, pois exige do leitor um sólido conhecimento da teoria econômica, além de uma compenetração especial. As dificuldades, porém, são compensadas pelo estilo fluente, um elevado grau de imaginação e, acima de tudo, uma apresentação clara, otimamente fundamentada e, por vêzes, brilhante.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    22 Jul 2015
  • Data do Fascículo
    Dez 1961
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