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Methodenlehre des Arbeitsstudiuns

RESENHA BIBLIOGRÁFICA

Kurt Weil

REFA. Methodenlehre des Arbeitsstudiuns. Teil 1, Grundlagen (Metodologia do estudo de trabalho. 1.ª parte - Fundamentos)

4.ª ed. modif. Carl Hanser Verlag, Munique, 1975. índice alfabético remissivo da 1.ª à 6.ª parte da Metodologia do estudo de trabalho e da 1.ª à 3.ª parte da Metodologia do planejamento e controle da produção. 226 p. 56 ilustr.

No período de 1971 a 1975 foram publicados nove livros pela REFA alemã. Tratava-se de uma completa reformulação de toda a sistemática REFA, que começou em 1924 com um primeiro livro de cálculo de tempos do trabalho. Os nove livros englobam quase tudo que hoje se costuma reunir com o título geral de engenharia industrial: a psicologia do trabalho, a ergonomia, o direito do trabalho (alemão) incluindo a co-determinação, salários-incentivos, compras e estoques, aprendizado e treinamento, teoria da motivação, arranjo físico, etc. Até a contabilidade de custos com a complexidade de sistema de BAB (Betriebsabrechnungsbegen) alemão é exaustivamente tratada, e será de utilidade também no Brasil pela preponderância de tal sistema em muitas empresas européias radicadas aqui.

Os novos livros da REFA distinguem-se dos lançados no pós-guerra por um texto integralmente novo, uma nova concepção gráfica muito agradável e um tratamento a nível de curso superior, mas sem a quantidade de formulações matemáticas anteriores. Continua idêntica a bibliografia (moderna, mas só alemã) e a falta de referência à bibliografia no texto. Também é completamente nova a série Metodologia do planejamento e controle da produção, de até agora três volumes. Infelizmente, ao escrever essa resenha ainda não estão em minhas mãos os livros dessa série nova, porquanto só os primeiros cinco livros da REFA foram encontrados nas livrarias. Aliás, cabe aqui uma observação: devido à dificuldade de importação e falta de crédito, também tem diminuído muito o estoque de livros científicos estrangeiros. Tal problema ocorre com o hábito das livrarias de remeter, em demonstração, os livros recebidos para bibliotecas de indústrias e universidades, deixando suas prateleiras cada vez mais para as traduções de poucos livros, algumas bem, outras mal vernaculizadas e os livros nacionais.

Os temas mais recentes da REFA chegaram ao Departamento de Administração da Produção e Operações Industriais quando está acesa uma discussão sobre o pouco, ou lento processo da técnica do estudo e medida de trabalho. Verifica-se, nesta primeira parte, que há realmente progresso, não rápido como na eletrônica, nem lento como na siderurgia, mas com uma melhoria de 30% a cada 10 anos. As últimas descobertas da ergonomia e psicologia do trabalho estão nesse primeiro tema; infelizmente falta referência à experiência sueca de abolição da linha de produção, na Volvo, substituindo-a por grupos responsáveis de trabalhadores.

Este primeiro livro "Fundamentos" é seguido na série pelos temas:

• Determinação de dados;

• Cálculo de custo e metodologia do trabalho;

• Valorização do trabalho e avaliação de funções;

• Salários-incentivos;

• Ensino do traballho.

E na série de planejamento e controle da produção existem:

• Fundamentos;

• Planejamento;

• Controles.

A REFA foi fundada em 1924 como Reichsausschuss fuer Arbeitszeitermittlung (Comissão do Reich - União - para determinação de tempos de trabalho), com a função de coletar tudo que existe escrito sobre o trabalho na prática e na ciência, ensinar e publicar livros para autodidatas. Após o período nazista no qual a REFA foi "nacionalizada" e serviu aos desígnios nazistas, ela foi reconstruída em 1951 desvinculada de seu nome original, que permaneceu exclusivamente como referência, como associação civil, de âmbito da Alemanha Federal. Os livros da REFA são uma demonstração de que nem sempre a frase "O camelo é um cavalo inventado por uma comissão" é verdadeira, pois o "autor" desses livros é um grupo coletivo, constituído por homens práticos da economia, professores, cientistas e representantes de sindicatos operários e das associações de empregadores. Diz o prefácio que nem sempre foi fácil apresentar unanimidade, o que foi, no entanto, conseguido, e todos os participantes aceitaram o livro como base de ensino e da metodologia. O Instituto REFA, outro coletivo, foi o coordenador do projeto.

E o resultado? Ótimo. O livro na sua forma atual é excepcionalmente útil, claro e completo. Essa primeira parte tem os seguintes capítulos:

• Histórico e objetivos do estudo de trabalho;

• Elementos de organização fabril;

• Elementos do estudo de trabalho;

• Ergonomia;

• O homem colaborando no trabalho;

• Direito trabalhista, com referência especial a co-determinação.

Neste primeiro volume também se encontra o índice de todos os nove livros, com indicação da série, de volume e da página.

Os gráficos demonstram como o trabalho caminha na empresa - desenhos mostram claramente o sistema de trabalho, a divisão de trabalho no lugar de execução, o layout fica evidenciado. Pela primeira vez encontra-se uma subdivisão de trabalho mais extensa do que a usual: processo - operação - elemento - movimento e micromovimento. Aqui temos: projeto - parte do projeto - passo no projeto (operação) - procedimento - procedimento parcial (elemento) - procedimento subparcial - elemento de procedimento - movimento e micromovimento. Essa divisão é muito mais útil, mais perfeita e prática de que as outras. No capítulo de ergonomia, muito moderno, muito conciso e muito claro, encontram-se exemplos já vistos em outros livros (Richardson. The management'of production. Macmillan, 1968; François. Manuel d'Organisation. Trad. Ao Livro Técnico, t. 1 - Organisation du Travail). Mas a repetição das experiências é comum, e, considerando o motivo básico da REFA - colecionar material - é até lógica e evidente. A nitidez de conceitos no capítulo sobre ergonomia é absoluta, e tal se repete também nos outros capítulos.

O capítulo do homem colaborando no trabalho seria, nas antigas concepções, "relações humanas no trabalho", mas pode ser considerado muito mais uma introdução à psicologia do trabalho, de formação dos grupos e da liderança. Menciona uma pesquisa sobre os motivos de atritos, no escritório e na fábrica, dividida ainda por sexo. No escritório, em primeiro lugar estão as diferenças de salário. Na fábrica, ao contrário, os conflitos aparecem, em primeiro lugar, pela pressão de entregas, divisão de trabalho e responsabilidade. No caso de mulheres, na fábrica e no escritório está, respectivamente em segundo e terceiro lugar de importância, a "fofoca".

O capítulo sobre direito trabalhista é alemão na base legal; mas na base conceituai, especialmente sobre co-determinação, é de máxima importância para todos os estudiosos e práticos no assunto.

Assim, resumindo, estamos em presença de um livro extraordinário, claro, conciso, importante para o estudante, o professor e o industrial e para o operário que quer ilustrar-se para melhor entender. Acredito que, da mesma maneira que o International Labour Office escreveu a Introduction to work study (Genebre, 1957, nova edição 1972) e a publicou em muitas línguas, também a REFA deve publicar essa obra em mais línguas do que o alemão, prestando um serviço ao mesmo tempo a países industrializados e em desenvolvimento.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    09 Ago 2013
  • Data do Fascículo
    Fev 1977
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