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Personnel management and human resources

RESENHA BIBLIOGRÁFICA

Ary Ribeiro de Carvalho

Werther Jr., William B. & Davis, Keith. Personnel management and human resources. McGraw Hill, 1981. 508p.

Recorrendo às idéias básicas da Escola de Relações Humanas, de que as pessoas constituem o elemento comum a todas as organizações, os autores abordam a administração de recursos humanos dentro das tendências mais atuais que se observam nos países ditos industrializados.

Vão mais longe, é verdade, quando afirmam que os desafios à sociedade deste fim de século serão vencidos através da "nossa mais criativa invenção: as organizações". Neste aspecto, seguem de perto Max Weber quando desenvolve suas idéias centrais de burocracia, este tipo ideal ao qual apenas as grandes organizações se assemelham.

A obra é mais propriamente uma receita de como aplicar a administração de pessoal aos recursos humanos da organização. Os ingredientes da receita visam, pois, a atender aos objetivos da área especializada de pessoal: social, organizacional, funcional e individual, ou sejam, os objetivos que orientam as atividades do dia-a-dia do administrador de pessoal, agindo como um departamento de serviço, através de suas áreas que prestam assistência aos empregados, aos administradores (chefes) e à organização. Não deixam eles de lembrar que o homem de pessoal não tem autoridade de linha (que é típica dos gerentes de Departamentos operacionais), "meramente aconselhando aos homens de linha que são, em última instância, os responsáveis pelo desempenho dos empregados".

Como um órgão composto de atividades interdependentes, a administração de pessoal é tratada como um sistema, cada subsistema afetando os demais, "o que permite reconhecer as relações entre as partes". As mudanças organizacionais são o resultado de desafios ambientais, externos à organização, e que se originam de influências sociais, tecnológicas, econômicas e político-legal. Neste aspecto, engajam-se os autores nas fileiras dos que formam a linha avançada da "filosofia de ambiente" nos EUA nestes últimos anos. Não vai aqui qualquer exagero, pois as pressões que a administração de pessoal vem sofrendo nestes últimos três lustros não podem ser desprezadas: discriminação racial, preconceitos os mais diversos, contra indivíduos ou centra grupos minoritários, encontram no estatuto dos direitos humanos uma barreira intransponível nos EUA. As agências governamentais interferem em todos os aspectos de administração de pessoal, desde o recrutamento à dispensa (firings ou lay-offs). A intervenção governamental não é tão recente, porém. A permissão para sindicalizar-se, o salário mínimo, a jornada de trabalho etc. têm sido tratados pelo legislador americano há mais de cinco décadas.

Numa democracia política, os efeitos de liberdade e igualdade obviamente chegariam à empresa: homens e mulheres, maiores e menores, os velhos, os alienígenas, os menos dotados, para citar alguns exemplos, todos encontram hoje estatutos onde se amparam contra a discriminação e arbítrio. Os autores abordam tais leis com amplos comentários, chegando ao palpitante tema: "qualidade de vida no trabalho", e os fatores que a afetam: supervisão,condições de trabalho, salários, benefícios e delineamento do trabalho.* * N. do T. À falta de melhor termo no vernáculo, optamos por "delineamento" para job design.

Este último fator - delineamento do trabalho - é exposto com muita clareza, não só quanto às metas visadas como aos problemas enfrentados.

Entre estes, os aspectos organizacional, ambiental e comportamental são tratados, sugerindo resultados satisfatórios quando abordados de maneira adequada. O mesmo ocorre, na obra, com o "enriquecimento do trabalho".** ** N. do T. Enrichment dos autores.

Finalmente, o processo de administração de pessoal é tratado, partindo de levantamento de dados para a análise e avaliação de cargos, planejamento de pessoal, recrutamento e seleção. A abordagem destas áreas faz-se cuidadosamente, inovando em certos aspectos da área de especialização. Desenvolvimento organizacional é tratado como uma estratégia que faz uso do processo de grupo, visando à aceitação de mudança planejada, alterando crenças, atitudes, valores, estruturas e práticas, adaptando a organização à mudança. Iniciar uma nova ordem de coisas é crucial, mas a ela a organização não está imune, assim como não pode fugir à avaliação de desempenho, que os autores consideram um conceito central na administração eficiente. Embora não se libere das tradicionais abordagens que outros autores fazem da avaliação de desempenho, a obra se estende o suficiente para que o leitor compreenda bem as técnicas recomendadas, encaminhando-o a criticar certas posições assumidas por Werther e Davis ao comentarem as implicações da avaliação.

O capítulo sobre motivação e satisfação no trabalho, bastante estruturado, oferece leitura oportuna dos mais atualizados modelos de motivação e de modificação de comportamento. Os capítulos referentes a salários, incentivos, benefícios, higiene e segurança, sindicalismo, contratos coletivos e estatutos afins, estão mais de acordo com as leis e praxes americanas, não oferecendo vivência das práticas de nossos empresários.

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    N. do T. À falta de melhor termo no vernáculo, optamos por "delineamento" para
    job design.
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    N. do T.
    Enrichment dos autores.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      28 Jun 2013
    • Data do Fascículo
      Set 1981
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