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Performance Financeira Corporativa e Performance Social Corporativa: desenvolvimento metodológico e contribuição teórica dos estudos empíricos

Resumos

Um dos papéis da contabilidade é prover informações sobre o desempenho empresarial, quer seja por indicadores contábil-financeiros ou não. Dentro deste escopo do interesse da contabilidade, observa-se que a publicação de estudos teórico-empíricos sobre as relações entre Performance Corporativa Financeira (CFP) e a Performance Social Corporativa (CSP) vem crescendo nos últimos anos, sintoma do desenvolvimento deste campo de pesquisa. Entretanto, a contribuição à teoria pelos trabalhos empíricos se faz de forma pontual, uma vez que normalmente cada estudo foca um aspecto particular da teoria. Periodicamente, portanto, é necessária uma análise que avalie como, de forma agregada, os estudos empíricos contribuíram para a evolução da teoria, e elaborar essa análise constituiu o objetivo do presente estudo. O referencial teórico abrangeu: teoria dos stakeholders, relação entre CSP e CFP, good management theory e slack resource theory. Esta pesquisa abrangeu um período de 15 anos (1996 a 2010) e a coleta de dados empregou a ferramenta de busca das bases de dados: Ebsco, Proquest e ISI. O processo de amostragem obteve um conjunto de 58 artigos exclusivamente teórico-empíricos quantitativos que testam a relação CSP-CFP. Os principais resultados no campo teórico demonstram um reforço da proposição de relação positiva entre CSP e CFP e da good management theory, uma deficiência na explicação na defasagem de tempo (lag) na relação de causalidade entre CSP e CFP, e deficiências na descrição do constructo de CSP. Isto sugere estudos futuros para investigar a defasagem de tempo na relação de causalidade entre CSP e CFP e as possíveis razões que levaram diversos estudos empíricos a não atestarem uma associação positiva entre CSP e CFP.

Performance Financeira Corporativa; Performance Social Corporativa; Teoria dos Stakeholders


One of the roles of accounting is to provide information on business performance, either through financial accounting indicators or otherwise. Theoretical-empirical studies on the relationship between Corporate Financial Performance (CFP) and Corporate Social Performance (CSP) have increased in recent years, indicating the development of this research field. However, the contribution to the theory by empirical studies is made in an incremental manner, given that each study normally focuses on a particular aspect of the theory. Therefore, it is periodically necessary to conduct an analysis to evaluate how the aggregation of empirical studies has contributed to the evolution of the theory. Designing such an analysis was the objective of the present study. The theoretical framework covered the following: stakeholder theory, the relationship between CSP and CFP, good management theory, and slack resource theory. This research covered a 15-year period (1996 to 2010), and the data collection employed a search tool for the following databases: Ebsco, Proquest, and ISI. The sampling process obtained a set of 58 exclusively theoretical-empirical and quantitative articles that test the CSP-CFP relationship. The main results in the theoretical field reinforce the proposed positive relationship between CSP and CFP and good management theory and demonstrate a deficiency in the explanation of the temporal lag in the causal relationship between CSP and CFP as well as deficiencies in the description of the CSP construct. These results suggest future studies to research the temporal lag in the causal relationship between CSP and CFP and the possible reasons that the positive association between CSP and CFP has not been assumed in some empirical studies.

Corporate Financial Performance; Corporate Social Performance; Stakeholder Theory


ARTIGOS

Performance Financeira Corporativa e Performance Social Corporativa: desenvolvimento metodológico e contribuição teórica dos estudos empíricos* * Uma versão preliminar deste trabalho foi apresentada no V Encontro de Estudos em Estratégia – ANPAD 3 Es 2011 sob o título "Performance Social Corporativa e Performance Financeira Corporativa: evolução metodológica e contribuição teórica dos estudos empíricos", apoio para realização da pesquisa: FAPESP.

João Maurício Gama BoaventuraI; Ralph Santos da SilvaII; Rodrigo Bandeira-de-MelloIII

IDoutor do Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, Brasil. E-mail: jboaventura@usp.br

IIDoutor do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer, Brasil. E-mail: silva.ralph@gmail.com

IIIDoutor do Departamento de Administração Geral e Recursos Humanos da Fundação Getúlio Vargas Escola de Administração de Empresas de São Paulo, Brasil. E-mail: rodrigo.bandeira.demello@fgv.br

RESUMO

Um dos papéis da contabilidade é prover informações sobre o desempenho empresarial, quer seja por indicadores contábil-financeiros ou não. Dentro deste escopo do interesse da contabilidade, observa-se que a publicação de estudos teórico-empíricos sobre as relações entre Performance Corporativa Financeira (CFP) e a Performance Social Corporativa (CSP) vem crescendo nos últimos anos, sintoma do desenvolvimento deste campo de pesquisa. Entretanto, a contribuição à teoria pelos trabalhos empíricos se faz de forma pontual, uma vez que normalmente cada estudo foca um aspecto particular da teoria. Periodicamente, portanto, é necessária uma análise que avalie como, de forma agregada, os estudos empíricos contribuíram para a evolução da teoria, e elaborar essa análise constituiu o objetivo do presente estudo. O referencial teórico abrangeu: teoria dos stakeholders, relação entre CSP e CFP, good management theory e slack resource theory. Esta pesquisa abrangeu um período de 15 anos (1996 a 2010) e a coleta de dados empregou a ferramenta de busca das bases de dados: Ebsco, Proquest e ISI. O processo de amostragem obteve um conjunto de 58 artigos exclusivamente teórico-empíricos quantitativos que testam a relação CSP-CFP. Os principais resultados no campo teórico demonstram um reforço da proposição de relação positiva entre CSP e CFP e da good management theory, uma deficiência na explicação na defasagem de tempo (lag) na relação de causalidade entre CSP e CFP, e deficiências na descrição do constructo de CSP. Isto sugere estudos futuros para investigar a defasagem de tempo na relação de causalidade entre CSP e CFP e as possíveis razões que levaram diversos estudos empíricos a não atestarem uma associação positiva entre CSP e CFP.

Palavras-Chave: Performance Financeira Corporativa. Performance Social Corporativa. Teoria dos Stakeholders.

1 INTRODUÇÃO

Um dos papéis da contabilidade reside em prover informações sobre o desempenho empresarial (Gaspareto, 2004). Todavia, a mensuração deste desempenho pode ser feita sob a ótica de valores monetários, normalmente utilizando dados contábil-financeiros, e/ou sob a ótica de informações não-monetárias (Hendriksen & Van Breda, 1999). A mensuração de desempenho por indicadores não-monetários é mais recente e vem ganhando espaço, particularmente em função da preocupação contemporânea em relação à atuação social das organizações (Oliveira, De Luca, Ponte, & Pontes Junior, 2009). A temática deste estudo enquadra-se neste escopo da contabilidade, focando a Performance Corporativa Financeira (CFP) e a Performance Social Corporativa (CSP).

Há uma percepção de que estudos referentes à teoria dos stakeholders, mais especificamente aquela de estudos teórico-empíricos sobre as relações da CFP e da CSP, vem em crescente desenvolvimento nas últimas décadas. Todavia, normalmente este processo de desenvolvimento da teoria através de contribuições empíricas se faz de forma pontual, com cada trabalho apontando um problema específico na teoria ou apresentando uma possível explicação a um gap teórico. Periodicamente, portanto, é conveniente o desenvolvimento de estudos que busquem analisar de forma agregada como um campo de pesquisa está evoluindo. Neste sentido, o presente estudo tem por objetivo investigar a evolução dos aspectos conceituais e metodológicos destas pesquisas teórico-empíricas com o propósito de consolidar os avanços auferidos.

Em particular, este trabalho focaliza os aspectos pertinentes às relações entre CFP e CSP. A título de ilustração, diversas pesquisas testaram quais variáveis independentes, entre as que tipicamente compõem a proxy de CSP (clientes, empregados, fornecedores, governo, meio ambiente, diversidade e comunidade) estão neutras, ou positivamente ou negativamente relacionadas à variável CFP. Mas novamente, qual a síntese destes resultados? Ou, ainda, vários estudos investigaram especificamente que variáveis de controle podem ser empregadas nesta relação, e.g.: gestão de stakeholders (Berman, Wicks, Kotha, & Jones, 1999), tamanho da empresa (Orlitzky, 2001), indústria (Waddock & Graves, 1997), composição do conselho (Shao, 2010). Mas qual então o conjunto de variáveis de controle que foram testadas e potencialmente são apropriadas para esta relação?

Algumas questões foram elaboradas para nortear esta pesquisa. No campo teórico, as questões desta pesquisa buscam subsidiar responder as seguintes questões: Os resultados empíricos reforçam a teoria dos stakeholders? Quais potenciais inconsistências a teoria dos stakeholders apresenta frente aos resultados empíricos observados? Que avanços na teoria dos stakeholders podem ser suportados pelas evidências empíricas?

No âmbito da pesquisa empírica, busca-se responder: Quais as variáveis mais usadas para mensurar a Performance Financeira e a Performance Social? Como é tratada a relação de causalidade entre as duas variáveis? Quais variáveis de controle são consideradas nesta relação? Quais as técnicas estatísticas mais usadas? Quais são as fontes e as formas de coleta de dados empregadas? Há de fato uma evolução no volume destas publicações?

Notoriamente há uma série de lacunas teóricas e metodológicas a serem investigadas. Na ótica teórica, as principais lacunas são pertinentes às variáveis que intervêm na relação CSP/CFP, sua relação causal e temporal. Sob o ponto de vista metodológico, as principais lacunas referem-se a quais as formas mais aceitas de mensuração de CSP e CFP e aos principais métodos de teste empregados.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Teorias da Firma e dos Stakeholders.

A teoria da firma iniciou-se com o surgimento da ciência econômica, no século XVIII, tendo sua principal referência na obra de Adam Smith sobre as origens da riqueza das nações. Ao longo do século XX diversos trabalhos, em particular o de Coase (1937), a respeito dos custos de transação, enriqueceram e desenvolveram a teoria da firma.

Assim como as demais teorias microeconômicas, a teoria da firma estabelece como objetivo a maximização dos lucros. Todavia, a maximização do lucro requer definição mais específica, se contábil ou econômico, se de curto ou longo prazo, entre outras características. Jensen (2001) esclarece que, para os economistas, o objetivo da firma deve buscar a maximização do valor de mercado de longo prazo, resultante da capacidade desta de geração de caixa ao longo do tempo. Afinal, maximizando-se o valor da empresa, maximiza-se a riqueza do acionista.

O principal marco da teoria dos stakeholders tem normalmente sido atribuído à obra de Freeman de 1984 (Frooman, 1999; Barnett, 2007). Segundo Coombs e Gilley (2005), a definição mais empregada na literatura do termo stakeholder é a proposta por Freeman (1984), segundo a qual stakeholder é qualquer indivíduo ou grupo que possa afetar a obtenção dos objetivos organizacionais ou que é afetado pelo processo de busca destes objetivos. Freeman (1984) acrescenta que stakeholders são grupos que têm direito legitimado sobre a organização. Entretanto, registram-se variações na definição do termo, algumas mais amplas, a exemplo de Mitchell, Agle, e Wood (1997), e outras menos abrangentes, como a de Clarkson (1995), segundo o qual a empresa deixaria de existir apenas levando-se em conta os stakeholders primários, que teriam maior importância, deixando-se os secundários em segundo plano.

Atribuem-se algumas dimensões à teoria dos stakeholders. Para Donaldson e Preston (1995), esta teoria apresenta três dimensões: descritiva, instrumental e normativa. A descritiva revela-se quando a empresa utiliza o modelo para representar e entender as suas relações e papéis nos ambientes externo e interno; a instrumental é evidenciada quando o modelo é usado como uma ferramenta de gestão para os administradores; e a normativa surge quando a administração reconhece os interesses de todos os stakeholders, conferindo a estes uma importância intrínseca. A dimensão normativa desta teoria dá suporte à função objetivo da empresa. Inicialmente, esta dimensão se baseou em Clarkson (1988), que indicou que o propósito da empresa seria o de criar e distribuir riqueza aos stakeholders primários. Posteriormente, Evan e Freeman (1993) elaboraram a definição mais comumente referenciada, segundo a qual o verdadeiro propósito da empresa é servir de veículo para coordenar os interesses dos stakeholders. Na dimensão descritiva, a teoria deve explicar como os administradores podem identificar e classificar os stakeholders para poder gerenciá-los. Neste sentido Mitchell, Agle, e Wood (1997) argumentam que apenas a caracterização dos stakeholders entre primários e secundários não é suficiente para tal e estabelecem uma tipologia para revelar a saliência dos stakeholders, classificando-os por três atributos: poder, legitimidade e urgência de suas reivindicações. Pela dimensão instrumental, a teoria postula que a firma terá performance superior se empregados os preceitos normativos (Berman et al., 1999). Jones (1995), por exemplo, sugere que empresas com relacionamentos suportados por confiança com seus stakeholders desenvolvem vantagem competitiva sobre as demais.

Uma das principais contraposições entre as duas teorias refere-se à função objetivo da firma. De um lado a teoria da firma propõe que o objetivo da empresa seja a maximização da riqueza do acionista, a teoria dos stakeholders entende que seja coordenar o interesse dos stakeholders, e são vários os argumentos de suporte a cada lado. Na ótica da teoria da firma, conforme Sundaram e Inkpen (2004), as demais partes relacionadas à empresa que não são acionistas (clientes, empregados, fornecedores e clientes) possuem a proteção e os benefícios de contratos e da legislação, o que não ocorre com os acionistas. Já para a teoria dos stakeholders, de acordo com Campbell (1997), não é possível para as empresas sobreviver sem entregar valor a importantes stakeholders e, neste sentido, embora os shareholders tenham alguns direitos diferentes dos demais stakeholders, isto não lhes confere um direito desbalanceado em receber os benefícios da empresa. Esta controvérsia se constitui em um amplo debate na academia, ainda sem consenso (Silveira, Yoshinaga, & Borba, 2005; Marcon, Bandeira-De-Mello, & Alberton, 2008; Boaventura, Cardoso, Silva, & Silva, 2009).

Decorrências destas contraposições são encontradas nos estudos empíricos que analisam a performance social corporativa e a performance financeira corporativa. Mais especificamente, é possível observar, nestes estudos, que há um alinhamento do objetivo da firma à CFP pela teoria da firma e à CSP pela teoria dos stakeholders.

2.2 Performance Financeira Corporativa: Conceito e Mensuração.

Embora não esteja em debate na literatura uma definição para CFP, há uma discordância da melhor forma de mensurá-la (Cochran & Wood, 1984). Segundo Orlitzky, Schmidt, e Rynes (2003), um levantamento na literatura demonstra que a CFP vem sendo mensurada basicamente de três formas: medidas de mercado, contábeis e surveys. Orlitzky, Schmidt, e Rynes (2003) ainda explicam que a primeira abordagem reflete o grau de satisfação dos acionistas, a segunda captura uma ideia da eficiência interna da empresa e a última provê uma estimativa subjetiva de sua performance financeira.

Cabe pontuar que, assim como há uma relação entre a CSP e a teoria dos stakeholders, há uma associação entre a CFP e a teoria da firma, uma vez que buscar a maximização da CFP liga-se ao objetivo da firma decorrente desta segunda teoria.

Nos estudos empíricos envolvendo CSP e CFP, os pesquisadores, com a finalidade de mensurar a CFP, lançam mão de diversos tipos de variáveis. Exemplos de variáveis empregadas para este fim são: retorno sobre ativos (ROA) (Berman et al., 1999; Choi & Wang, 2009); retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) (Preston & O'Bannon, 1997; Agle, Mitchell, & Sonnenfeld, 1999); crescimento de vendas (Mahoney, Lagore, & Scazzero, 2008; Fauzi & Idris, 2009); retorno sobre as vendas (ROS) (Graves & Waddock, 1999; Callan & Thomas, 2009); margem operacional (Ogden & Watson, 1999; Hammann, Habisch, & Pechlaner, 2009) e Q de Tobin (Choi & Wang, 2009; Rose, 2007).

Diferentemente do que ocorre com as variáveis que se propõem a mensurar a CSP, as quais não encontram na literatura uma definição precisa de como avaliar o atendimento à demanda de cada stakeholder, as variáveis empregadas para mensurar a CFP encontram suporte na literatura de formas precisas de como medi-las.

2.3 Performance Social Corporativa: Conceito e Mensuração.

O conceito de CSP, de acordo com Ullmann (1985), se refere a como uma organização responde às demandas sociais, um conceito originalmente proposto por Strand (1983). Surroca e Tribó (2008) esclarecem que o conceito de CSP está relacionado à teoria dos stakeholders, pois buscar a maximização da CSP liga-se ao objetivo de atender os interesses dos stakeholders. Waddock e Graves (1997) operacionalizam o conceito de CSP explicando que este se constitui em um constructo multidimensional, cujo comportamento varia em função de suas entradas (e.g.: investimentos em controle de poluição e outras estratégias ambientais), processamento (e.g.: tratamento dispensado a minorias ou natureza de produtos fabricados) e saídas (e.g.: relações com a comunidade ou programas filantrópicos).

Para o desenvolvimento de pesquisas teórico-empíricas é necessário operacionalizar-se formas de mensuração da CSP. A mensuração da CSP deve considerar como os diversos stakeholders de uma organização estão sendo atendidos em suas demandas, ou seja, a CSP é conceitualmente uma variável agregada de observação indireta, uma proxy. Há uma problemática operacional na pesquisa teórico-empírica que mensura CSP, a qual reside em dois pontos centrais: quais stakeholders avaliar e como avaliar o atendimento de suas demandas. A falta de padronização em quais stakeholders considerar e na definição das variáveis para mensurar o atendimento de cada stakeholder consiste em uma relevante limitação dos estudos empíricos de CSP.

Com o propósito de mensurar a CSP os pesquisadores, portanto, buscam avaliar o atendimento às demandas de diversos stakeholders, tais como: funcionários (Barnett & Salomon, 2006; Moore, 2009); clientes (Ruf, Muralidhar, Brown, Janney, & Paul, 2001; Galema, Plantinga, & Scholtens, 2008); comunidade (Goll & Rasheed, 2004, Brammer & Millington, 2008); meio ambiente (Schnietz & Epstein, 2005; Surroca, Tribó, & Waddock, 2010); fornecedores (Surroca & Tribó, 2008; Fauzi, Mahoney, & Rahman, 2007) e diversidade (Shropshire & Hillman, 2007; Chih, Chih, & Chen, 2010).

Convém ainda esclarecer que o conceito de stakeholder proposto por Freeman (1984), referindo-se a um indivíduo ou grupo, posteriormente, na literatura de CSP se estendeu para sociedade e meio ambiente (Carroll & Buchholtz, 2000; Irwin, 2002). Considerar o meio ambiente um stakeholder implica em uma extensão do conceito original da teoria dos stakeholders. Turcotte, Bellefeuille, e Hond (2007) explicam que esta extensão é aceita em função de que as questões do meio ambiente são de interesse de vários stakeholders, a exemplo de clientes, investidores, organizações não governamentais e governo, e as empresas, por sua vez, respondem a estas questões em função da pressão destes stakeholders e daí é possível considerar o meio ambiente como variável de CSP.

2.4 Relação entre Performance Financeira e Performance Social.

Com base nas teorias da firma e dos stakeholders, derivam-se proposições conceituais de uma relação positiva, negativa e neutra entre as performances financeira e social.

A proposição da associação positiva é usualmente fundamentada em argumentos da teoria dos stakeholders, conforme explicam Bird, Hall, Moment'e, & Reggiani (2007). Exemplo deste tipo de argumento é o de Alexander e Buchholz (1982), para quem as empresas nas quais os gestores se engajarem em atividades que promovam a performance social obterão melhor performance financeira que os demais. Há, todavia, também outros argumentos para a associação positiva, como o de haver uma tensão entre os custos explícitos de uma empresa (tais como pagamento de debêntures) e seus custos implícitos (a exemplo de custos ambientais). Em função disto, de acordo com Cornell e Shapiro (1987), as empresas que buscam reduzir seus custos implícitos por meio de ações sociais irresponsáveis vão incorrer em custos explícitos maiores, o que resulta em uma desvantagem competitiva.

A proposição da associação negativa é normalmente defendida por pesquisadores da visão econômica neo-clássica (Bird et al., 2007). A ótica destes pesquisadores, a exemplo de Aupperle, Carrol, e Hatfield (1985), é que empresas que tenham um comportamento social responsável têm uma desvantagem competitiva, uma vez que incorrem em custos que poderiam ser evitados ou repassados a outros agentes (e.g.: clientes ou governo). Ou seja, de acordo com esta linha de raciocínio, há poucos benefícios econômicos para um comportamento social responsável, ao mesmo tempo em que há muitos custos associados a este comportamento, assim, este tipo de comportamento resulta em queda da performance financeira da empresa (Friedman, 1970).

A proposição da associação neutra assume o pressuposto ou da inexistência de uma relação entre CSP e CFP, ou de não haver uma relação linear entre elas. A inexistência de tal relação é advogada por Ullmann (1985) que argumenta haver tantos fatores ou variáveis que intervêm na relação entre CSP e CFP que, mesmo que por hipótese houvesse uma relação, esta não poderia ser detectada em função dos problemas de mensuração existentes nas pesquisas empíricas que buscam estudar a relação entre CSP e CFP. Há ainda aqueles que propõem haver uma relação, porém não linear. Barnett e Salomon (2006) encontraram evidências de uma relação curvilínea entre CSP e CFP, em que os maiores retornos de CFP estavam associados aos menores e maiores investimentos de CSP.

2.5 Gestão de Stakeholders.

A gestão de stakeholders se constitui em um dos princípios da teoria dos stakeholders, mais especificamente em sua dimensão instrumental. De acordo com Freeman (1984, p.53), a gestão de stakeholders resume-se na habilidade da organização em identificar quem são seus stakeholders e respectivos interesses, objetivos e capacidade de influenciar a organização, entender os processos que podem ser usados para a organização se relacionar com estes stakeholders e deduzir quais as decisões que melhor permitam alinhar os interesses dos stakeholders com os processos da organização.

Invariavelmente as organizações assumem um extenso rol de obrigações com múltiplos stakeholders cujas demandas não podem ser atendidas em sua totalidade. Nesse particular, Harrison e John (1996) argumentam que a gestão de stakeholders pode minimizar os efeitos negativos de conflito de interesses entre stakeholders. Segundo Berman et al. (1999), a gestão de stakeholders faz parte da estratégia da empresa e seus estudos empíricos atestam que a gestão de stakeholders constitui-se em uma variável que influencia a CFP.

De acordo com Freeman (1984), empresas que constroem melhor relacionamento com seus stakeholders primários estão aptas a obter retornos superiores. Exemplos disto seriam empresas que, vistas como socialmente responsáveis, têm maior capacidade de recrutar empregados qualificados (Greening & Turban, 2000). Outro exemplo, apontado por Godfrey (2005), seria que empresas com atividades de responsabilidade social constroem um capital moral entre os stakeholders que provê um certo tipo de seguro contra a queda da reputação da empresa em períodos problemáticos. A maioria dos estudos empíricos encontra resultados que atestam esta associação positiva (Benson & Davidson, 2010). Todavia, deve-se registrar que há estudos que registram uma relação negativa, como para Meznar, Nigh, e Kwok (1994) e outros nem encontram relação (Bird et al. , 2007).

2.6 Relação de Causalidade entre CSP e CFP.

Outra discussão nesta temática refere-se à relação de causalidade entre CSP e CFP. Em suma, indaga-se ser CSP uma função dependente de CFP ou o contrário. Desta discussão também se deriva a ideia de um círculo virtuoso, ou seja, que empresas com boa performance financeira invistam em responsabilidade social e com isto obtenham maior retorno, o que permite a elas reinvestir em responsabilidade social e assim sucessivamente. Mais especificamente, há duas teorias, propostas por Waddock e Graves (1997), que advogam uma relação de causalidade entre as variáveis CSP e CFP: a good management theory e a slack resource theory.

Segundo a good management theory, a CSP ocorre primeiro. De acordo com esta teoria, a empresa que é percebida por seus stakeholders como tendo uma boa reputação, através de um mecanismo de mercado, terá mais facilidade para ter uma performance financeira superior. Já para a slack resource theory, a empresa precisa primeiro ter uma performance financeira positiva para então investir em responsabilidade social. Para ser conduzida a CSP, são necessários recursos oriundos do sucesso de boa performance financeira.

2.7 Estudos de Consolidação de Pesquisas Empíricas.

Periodicamente, encontram-se na literatura trabalhos com objetivos semelhantes ao presente estudo, que buscam consolidar o conhecimento acumulado por pesquisas empíricas em determinado campo do conhecimento. No campo dos estudos entre CSP e CFP, destacam-se alguns trabalhos cuja contribuição é abordada a seguir.

Ullmann (1985) avaliou 13 estudos empíricos, entre estudos de caso e quantitativos, publicados entre 1970 e 1984 e não encontrou uma tendência nos resultados dos estudos analisados. Segundo Ullmann (1985), as razões para este resultado foram: falta de fundamentação teórica, definição inapropriada de termos e deficiências nos dados empíricos. Dez anos após, Wood e Jones (1995) analisaram 50 estudos empíricos, entre estudos de caso e quantitativos, publicados entre 1970 e 1994. Segundo Wood e Jones (1995), muitos estudos empíricos eram carentes de fundamentação teórica, ocorriam problemas de stakeholder mismatching (descasamento entre o stakeholder relevante estudado e a respectiva variável de mensuração) e a relação entre CSP e CFP apresentava-se ambígua.

Observa-se que, de acordo com Ullmann (1985) e Wood e Jones (1995), no período entre o início da década de 70 e 1994, a pesquisa empírica era carente de fundamentação teórica e seus resultados, acerca de uma relação positiva ou negativa entre CSP-CFP, inconclusivos. Todavia, logo após, Orlitzky (2001) apresenta estudo de meta-análise em que analisou 20 trabalhos empíricos quantitativos publicados entre 1975 e 1997, investigando a relação entre CSP e CFP e encontrando uma associação positiva. Cabe ainda ressaltar que a maioria dos trabalhos avaliados por Orlitzky (2001), 65%, eram posteriores a 1990, ou seja, de um período significativamente posterior aos estudos de Ullmann (1985) e Wood e Jones (1995).

Orlitzky, Schmidt, e Rynes (2003) analisaram, por meta-análise, 52 estudos quantitativos entre 1972 e 1997 com o objetivo de prover estatística acumulada e integrada da relação CSP-CFP, avaliar a validade preditiva da dimensão instrumental da teoria dos stakeholders na relação CSP-CFP e analisar diversos moderadores desta relação. Os resultados apontaram uma relação positiva entre CSP-CFP, que CSP está mais relacionada com métricas contábeis que de mercado e que a reputação está mais associada com CFP que as demais variáveis de CSP. O estudo ainda revelou que, entre 15% e 100% das variações de resultados dos trabalhos empíricos analisados, são explicados por stakeholder mismatching, erros de amostragem e erros de mensuração.

Margolis e Walsh (2003) investigaram as evidências empíricas da relação CSP-CFP a partir de 127 artigos empíricos publicados entre 1972 e 2002. Destes artigos, 109 pressupunham CFP como dependente de CSP e 54 deles revelaram uma relação positiva, 7 relação negativa, 28 relação não significante e 20 não haver relação.

Os trabalhos de Orlitzky, Schmidt, e Rynes (2003) e Margolis e Walsh (2003) estabeleceram uma referência de que a maioria dos estudos empíricos atesta uma relação positiva entre CSP e CFP. Mais recentemente Beurden e Gössling (2008) avaliaram 34 estudos quantitativos, publicados entre 1990 e 2007, por meta-análise, também verificando haver uma predominância da relação positiva entre CSP e CFP nos estudos empíricos.

A carência de fundamentação teórica para os trabalhos empíricos observada por Ullmann (1985) e Wood e Jones (1995) supostamente está superada, uma vez não ter sido mais isto uma deficiência apontada pelos estudos posteriores de Margolis e Walsh (2003), Orlitzky, Schmidt, e Rynes (2003) e Beurden e Gössling (2008). Esta constatação pode ser respaldada pelos avanços teóricos na teoria dos stakeholders observados principalmente no curto espaço de tempo entre 1995 e 1997, em especial: perspectivas descritiva, instrumental e normativa (1995), instrumental stakeholder theory (1995), saliência dos stakeholders (1997), good management theory (1997), e slack resources theory (1997).

3 METODOLOGIA

O conceito de meta-análise pode ter ao menos duas definições. Na primeira, a exemplo do entendimento de Beurden e Gössling (2008), a meta-análise pode avaliar diversos estudos, com o emprego de estatística descritiva, em que cada estudo avaliado se constitui em uma unidade de análise. Em uma segunda definição, como para Orlitzky, Schmidt, e Rynes (2003), meta-análise consiste em uma técnica estatística capaz de corrigir para um determinado número de estudos anteriores, com seus respectivos conjuntos de dados, erros de amostragem e mensuração. O presente estudo classifica-se como do primeiro tipo.

3.1 Amostragem.

Para a seleção da amostra de artigos utilizaram-se as ferramentas de busca de três bases de dados: Ebsco, Proquest e ISI Web of Science. A seleção foi desenvolvida em duas etapas. A primeira, mais abrangente em termos de periódicos, pois não se restringiu à base de dados de periódicos com fator de impacto estabelecido e com filtros de seleção mais restritivos nesta etapa empregou as ferramentas de busca do Ebsco e Proquest. Na segunda etapa, mais restritiva em termos de periódicos, buscando periódicos de maior impacto e mais específicos e menos restritiva em termos de filtros, utilizou-se a ferramenta de busca do ISI. Nas duas etapas a seleção restringiu-se à pesquisa de artigos acadêmicos em inglês.

Para a primeira etapa da seleção, em ambas as bases, definiu-se o seguinte critério de busca: ("stakeholder theory") no Texto E (variable) no Texto E ("financial performance" OU "firm performance" OU "corporate performance") no Resumo. A base Ebsco retornou 98 artigos nesta seleção e a Proquest, 92. O conjunto união destas duas seleções compôs 158 artigos.

Na segunda etapa, foram selecionados outros periódicos líderes na área de administração e alguns de áreas específicas e aprofundou-se a busca. Nesta fase aplicou-se o seguinte critério de busca: (stakeholder) no Texto E (performance) no Texto. Foram pesquisados os seguintes periódicos: Academy of Management Journal; Accounting, Organizations and Society; Environmental Management; Journal of Banking & Finance; Journal of the Academy of Marketing Science; e Strategic Management Journal. O ISI retornou 46 artigos nesta seleção.

O conjunto união das duas etapas produziu uma amostra de 198 artigos. A amostra desejada consiste em artigos empíricos que investiguem a relação CSP e CFP que tenham sido publicados nos últimos 15 anos, mais especificamente entre 1996 e 2010. Neste sentido, a partir deste conjunto inicial de artigos, aplicaram-se os seguintes critérios de exclusão para se encontrar a amostra desejada: estudo de outro assunto que não relação CSP-CFP, uma definição para mensurar a variável CSP inadequada ao framework teórico, uma definição para mensurar a variável CFP inadequada ao framework teórico, ensaios teóricos, estudos de caso ou multicasos (estudos de casos são mais apropriados para explorar um campo de estudo que para validar resultados para grandes populações), artigos anteriores a 1996 e artigos posteriores a 2010. Tal critério de exclusão permitiu encontrar uma amostra de 58 artigos, que estão relacionados no Anexo 1 ANEXO 1 – CONJUNTO DE ARTIGOS AVALIADOS NA FASE DE CLASSIFICAÇÃO .

3.2 Análise.

Com base na amostra selecionada, os artigos foram examinados com profundidade para serem extraídos os fatores que influenciaram a relação entre CSP e CFP. Especificamente, foram considerados fatores que influenciam estas relações: as variáveis independentes empregadas para compor CSP e CFP, a relação de causalidade entre CSP e CFP e o inverso, a defasagem temporal na relação de causalidade e as variáveis intervenientes na relação CSP e CFP.

O exame acima aludido foi sumarizado em uma matriz, cuja síntese encontra-se na Tabela 4, onde para cada artigo há colunas indicando: Interdependência entre CSP e CFP, Tipo de Relação (Positiva, Negativa ou Não Relacionada), Composição de CSP e CFP.

4 RESULTADOS

A análise dos dados divide-se em duas seções: 1) Metodologia empregada nos trabalhos – tem o propósito de analisar como está se desenvolvendo a pesquisa empírica quantitativa neste campo sob a ótica de seus métodos; 2) Contribuições à teoria - visa revelar como estes estudos empíricos de forma agregada vêm contribuindo para o desenvolvimento da teoria.

4.1 Metodologia Empregada nos Trabalhos.

a) Variáveis usadas para mensurar a Performance Financeira

As variáveis mais utilizadas para mensurar a performance financeira estão apresentadas na Figura 1, onde se observa, por ordem decrescente de frequência, as seguintes: ROA - return on assets, ROE - return on equity, crescimento de vendas, ROS - return on sales, margem de contribuição, Q de Tobin, participação de mercado, risco da firma, ROCE - return on capital employed, lucro operacional, fluxo de caixa e ganho por ação.


Constata-se que a variável ROA, de natureza contábil, é a mais utilizada. Este fato deve ser observado com cautela, na medida em que esta variável representa o desempenho de curto prazo, mas não reflete o desempenho de longo prazo. As variáveis de mercado e associadas ao desempenho de longo prazo (CAR – cumulative abnormal return, RAP – risk adjusted performance) estão sendo utilizadas, mas de maneira menos expressiva que as de natureza contábil, conforme se pode constatar na Figura 1.

b) Stakeholders considerados na mensuração da Performance Social

A CSP se constitui em uma medida que avalia o desempenho de uma organização no atendimento dos interesses de seus stakeholders, consequentemente, CSP é uma medida agregada de observação indireta. Em especial, é de interesse saber quais stakeholders são considerados na composição do CSP nas pesquisas empíricas. Os stakeholders mais considerados para mensurar a performance social estão apresentados na Figura 2. Observa-se a predominância dos stakeholders: meio ambiente, funcionários, comunidade, clientes, fornecedores e acionistas.


Cabe esclarecer que não há uma forma padrão de se mensurar o atendimento dos interesses para cada stakeholder. Esta falta de padronização é uma das importantes limitações das formas empíricas de mensuração do CSP.

c) Variáveis de controle e intervenientes consideradas na relação CSP/CFP

Os estudos analisados consideraram uma ampla gama de variáveis que influenciam esta relação. São estas variáveis de controle ou intervenientes, dependendo do modelo estatístico utilizado. Entre as identificadas, podem-se mencionar: tamanho da empresa (normalmente empregada como função logarítmica do número de empregados, ou de ativos ou de vendas), ciclo de vida, crescimento de vendas, endividamento, alavancagem financeira, tipo societário, risco empresa, Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), idade, região, ano, intensidade de competição, intensidade de trabalho, indústria e propaganda. Todavia, as variáveis mais empregadas foram: indústria e tamanho. O tamanho da firma foi medido de diferentes formas e foi utilizado em 34% dos artigos da amostra, setor industrial em 14%, alavancagem financeira em 9% e intensidade de P&D em 7%.

O tamanho é uma variável relevante porque existem evidências de que pequenas firmas não exibem explicitamente comportamentos que expressam o "socialmente responsável". O setor de igual forma é uma variável relevante, na medida em que diferentes setores possuem diferentes níveis de investimento em P&D, consequentemente podendo confundir o resultado, e, ainda, dependendo de suas características, o setor pode conviver ou não com problemas de natureza social não solucionados (Waddock & Graves, 1997).

d) Tratamento da relação de causalidade entre CSP e CFP

Pode-se constatar nos trabalhos empíricos que na relação CSP-CFP, em sua grande maioria, a função CSP é considerada a variável independente e a função CFP, a variável dependente. Observe-se que esta condição de dependência é uma opção conceitual do pesquisador a priori do estabelecimento de suas hipóteses e não dos resultados estatísticos encontrados. Na Tabela 1 tem-se o resultado consolidado da análise dessa relação.

e) Técnicas estatísticas empregadas

As técnicas estatísticas mais empregadas nos estudos são a correlação e a regressão multivariada, 88% e 81% respectivamente. No uso de regressões, em vários estudos os autores empregam mais de um modelo de regressão, combinando as variáveis independentes disponíveis no banco de dados e/ou coletados por meio de questionários. A Tabela 2 apresenta a distribuição de frequência da utilização das técnicas estatísticas nos trabalhos analisados.

f) Fontes e formas de coleta de dados empregadas

As fontes de dados utilizadas nos trabalhos se distribuem entre fontes primárias e secundárias. Há um predomínio na utilização de fontes secundárias, ou seja, de banco de dados privados de empresas especializadas e de instituições que trabalham com outros dados, mas também possuem dados referentes ao CSP e ao CFP, como é o caso do Dow Jones. A Tabela 3 apresenta a distribuição de frequência da utilização dos diferentes bancos de dados usados nos trabalhos.

Observando-se a Tabela 3, constata-se que o item "outros bancos de dados" também possui uma alta frequência relativa. Para compreender esta frequência, foram identificados os trabalhos que fizeram uso diverso da fonte de dado. A razão pela qual isso aconteceu se deve ao fato de que, nos anos mais recentes (2007, 2008, 2009), aumentou a publicação de artigos que analisaram a relação CSP-CFP em países como Jacarta, Guana, Indonésia, Espanha, China e Austrália. Nesses trabalhos, os respectivos autores utilizaram bancos de dados específicos que possuem dados referentes ao escopo de interesse do estudo.

g) Evolução no volume destas publicações

A série histórica confirma uma tendência no aumento de publicação explorando a relação CSP-CFP. Essa tendência é pautada no aumento de trabalhos empíricos, conforme pode ser visto na Figura 3 que apresenta a evolução do volume de publicações. Observe-se que, do período analisado de 15 anos, 58,7% (34 artigos) são referentes aos últimos 3 anos e 77,6% (45 artigos) referentes aos últimos 5 anos.


4.2 Contribuições à Teoria.

a) Reforço à Teoria dos Stakeholders

Praticamente todo o conjunto dos 58 trabalhos analisados focava algum aspecto particular da relação entre CSP e CFP, mas, invariavelmente, independentemente da questão específica investigada, revelava se esta relação seria positivamente, negativamente ou não relacionada uma com a outra. Cabe ressaltar que alguns artigos ao desenvolverem mais de um teste, encontraram, assim, mais de um tipo de relação existente.

Na sua maioria, 38 artigos (65,5%) atestaram uma relação positiva; 11 artigos (19,0%) uma relação negativa e 18 (31,0%) uma relação neutra ou não relacionada. Neste sentido, observa-se um reforço das observações empíricas à teoria dos stakeholders, em que pesem as ressalvas. Uma síntese com os principais resultados da análise está apresentada na Tabela 4, na qual se pode constatar que os resultados da análise estatística comprovam uma relação positiva (+) entre as variáveis CSP-CFP. Entretanto, há resultados que não encontraram relação entre estas variáveis, sinalizados pela letra "N", e também existiram resultados em que a relação entre estas variáveis foi negativa (-). A variação em termos de relação entre CSP e CFP, em alguns casos foi obtida apenas com a mudança de variáveis independentes ou de controle no modelo estatístico em teste.

b) Inconsistências da Teoria dos Stakeholders

Embora sejam minoria os estudos empíricos cujos resultados não reforcem a teoria dos stakeholders, há um gap teórico na explicação destes casos. Em vários casos os autores procuram indicar potenciais razões para este resultado, todavia, isto atualmente aparenta formar apenas um conjunto de exceções, sem configurar uma explicação sistematizada que possa ser incorporada à teoria.

Outro aspecto carente de uma explicação mais sustentável refere-se ao conjunto de variáveis que devem compor o constructo de CSP. Nos estudos avaliados, observa-se uma variação razoável de elementos que compõem CSP. Além disto, quanto a algumas destas variáveis, a exemplo da variável meio ambiente, registram-se estudos (Moore & Robson, 2002; Makni, Fracoeur, & Bellavance, 2009; Bouslah, Zali, Turcotte, & Kooli, 2010) que não encontram uma relação positiva desta em relação a CFP. Em suma, este também é um ponto carente de uma explicação mais abrangente por parte da teoria.

Um terceiro ponto que emerge dos estudos empíricos e que não encontra uma explicação consolidada na teoria refere-se ao tempo inerente à relação de causalidade entre CSP e CFP. Constatou-se que apenas 22% (13 artigos) analisaram a relação CSP-CFP considerando ano referência e ano anterior (à referência), significando que o reflexo da performance social se dá na performance financeira, no ano posterior. A maioria dos estudos empíricos pressupõe uma relação síncrona entre CSP e CFP, enquanto alguns entendem haver um tempo para que o efeito de uma variável se reflita na outra (Salama, 2005; Callan & Thomas, 2009). Embora haja argumentos para justificar uma ou outra concepção, ainda não está incorporada na teoria uma explicação geral para este aspecto.

c) Avanços na Teoria dos Stakeholders

No período estudado surgiram importantes propostas teóricas e que foram objeto de estudos empíricos em busca de verificação. Um primeiro caso a se relatar é referente a good management theory e a slack resource theory (Waddock & Graves, 1997), que se voltam à explicação da relação de dependência entre CSP e CFP. Neste particular, registra-se que a maioria dos pesquisadores tem se inclinado à opção da teoria da good management como pressuposto conceitual, em contrapartida à teoria do slack resource, embora, conforme salienta Gujarati (2006, p.17), a relação de causalidade entre variáveis seja uma opção conceitual do pesquisador.

Outra proposta teórica apoiada pelos estudos empíricos refere-se à dimensão instrumental da teoria dos stakeholders (Donaldson & Preston, 1995) que dá suporte ao conceito de gestão de stakeholders. Diversos estudos empíricos deram respaldo a esta proposta teórica, a exemplo de Berman et al. (1999) e Van der Laan, Van Ees, e Van Witteloostuijn (2008).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme apontam Atkinsons, Banker, Kaplan, e Young (2000), é uma função da contabilidade gerencial fornecer informações entre o desempenho financeiro e outros fatores (não-financeiros). Neste sentido, a contribuição dos estudos das relações entre a performance financeira e social das empresas é de interesse da contabilidade na medida em que pode prover subsídios para a tomada de decisão.

Os resultados encontrados demonstraram que, de fato, há um crescimento na publicação de artigos empírico-quantitativos nos últimos anos, uma vez que, dos 15 anos analisados (1996 a 2010), 58,7% (34 artigos) são referentes aos 3 últimos anos (2008 a 2010). Observe-se ainda que o último estudo encontrado sobre revisão de artigos empíricos nesta temática, o de Beurden e Gössling (2008), não computou a maior parte destas pesquisas, pois analisou apenas artigos publicados até 2007, o que reforça a justificativa deste estudo.

A associação entre CSP e CFP mostrou-se predominantemente positiva e alinhada a trabalhos anteriores da natureza deste, como os de Orlitzky (2001), Margolis e Walsh (2003), Orlitzky, Schmidt, e Rynes (2003) e Beurden e Gössling (2008). Esta evidenciação, que se contrapõe a levantamentos mais antigos, como os de Ullmann (1985) e Wood e Jones (1995), não é suficiente para um convencimento pleno da comunidade científica acerca desta relação.

Outro ponto relevante é observar que a carência de fundamentação teórica nos trabalhos empíricos apontada por Ullmann (1985) e Wood e Jones (1995) está sendo superada, visto não ter sido mais esta uma deficiência apontada pelos estudos posteriores de Margolis e Walsh (2003), Orlitzky, Schmidt, e Rynes (2003) e Beurden e Gössling (2008). O presente estudo corrobora esta assertiva ao relatar que os avanços teóricos na teoria dos stakeholders observados principalmente no curto espaço de tempo entre 1995 e 1997, em especial: perspectivas descritiva, instrumental e normativa (1995), instrumental stakeholder theory (1995), saliência dos stakeholders (1997), good management theory (1997), e slack resources theory (1997), deram suporte conceitual à pesquisa teórico-empírica analisada neste período de 1996 a 2010.

Como sugestão de estudos futuros para a continuidade desta pesquisa, propõe-se o desenvolvimento de um estudo de meta-análise estatístico, conforme Orlitzky, Schmidt, e Rynes (2003), para se investigar pontos ainda obscuros neste campo de pesquisa. Exemplos destes pontos são: as características comuns de estudos que indicam uma associação negativa entre CSP e CFP, a busca de explicações para o comportamento de algumas variáveis de comportamento discutível no constructo de CSP (e.g.: meio ambiente), ou ainda explicações sobre a interferência da defasagem de tempo na relação de causalidade entre CSP e CFP.

Espera-se que os resultados alcançados contribuam para futuros estudos na área em duas frentes: a metodológica e a teórica. Na frente metodológica, particularmente, pois são indicadas quais as formas mais aceitas na literatura especializada para a definição de variáveis que compõem a CSP e CFP e os principais métodos estatísticos empregados nas pesquisas. Na frente teórica, em especial, por ter sido apontado: quais as variáveis que intervêm na relação e CSP/CFP, qual o estado da arte no conceito da relação causal e temporal entre CSP e CFP.

Recebido em: 10.01.2012

Aceito em: 16.01.2012

4ª versão aceita em: 30.8.2012

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ANEXO 1  – CONJUNTO DE ARTIGOS AVALIADOS NA FASE DE CLASSIFICAÇÃO

  • *
    Uma versão preliminar deste trabalho foi apresentada no V Encontro de Estudos em Estratégia – ANPAD 3 Es 2011 sob o título "Performance Social Corporativa e Performance Financeira Corporativa: evolução metodológica e contribuição teórica dos estudos empíricos", apoio para realização da pesquisa: FAPESP.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      11 Dez 2012
    • Data do Fascículo
      Dez 2012

    Histórico

    • Recebido
      10 Jan 2012
    • Aceito
      30 Ago 2012
    Universidade de São Paulo, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Departamento de Contabilidade e Atuária Av. Prof. Luciano Gualberto, 908 - prédio 3 - sala 118, 05508 - 010 São Paulo - SP - Brasil, Tel.: (55 11) 2648-6320, Tel.: (55 11) 2648-6321, Fax: (55 11) 3813-0120 - São Paulo - SP - Brazil
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