Volume XVIII, 2023 - DOI: 10.52913/19e20.xviii
Por mais paradoxal que possa parecer, ao se apropriar de tradições artísticas do passado, Mikhail Vrubel foi capaz de antecipar muitas das inovações formais e conceituais das vanguardas russas do começo do século XX. Além disso, com sua natureza taciturna e pouco ortodoxa, suas pinturas resumiam o movimento moderno de afastamento da religião institucionalizada em direção a novas possibilidades espirituais e filosóficas que seria abraçado posteriormente por uma geração mais jovem de escritores, artistas e pensadores.
Este artigo dedica-se a examinar alguns dos escritos sobre arte de Maria Clara da Cunha Santos (1866-1911), publicados na revista A Mensageira, entre 1897 e 1900, com o objetivo de compreender como a ideia e o desejo pelo novo na arte apareciam nessas narrativas. Além disso, propõe-se a identificar as temáticas e a estética presentes nos valores daquela época. Como resultado, percebeu-se em seus textos a marcante presença do desejo pelo moderno, por uma arte nacional e genuinamente brasileira.
Chegou a hora de a história da arte - enquanto disciplina dentro e fora de Cuba - reavaliar não só o manto que Wifredo Lam ostenta como representante das culturas afro-cubanas, mas também de questionar a forma como tais culturas são e/ou devem ser expressas através da arte. Partindo da discussão de algumas obras de Lam, nesse artigo defendemos que é necessário considerar uma maior diversidade de tradições, seja em Cuba, de modo geral, seja na comunidade afro-cubana, de modo mais específico.
O principal objetivo deste trabalho é analisar a obra “A Abordagem do Monitor Alagoas” e a existência, nessa tela, de uma possível intersecção entre a produção de Victor Meirelles e Eduardo De Martino. O estudo foi realizado por meio da perspectiva comparada entre documentos iconográficas e do cotejamento com outras fontes produzidas no período. Levantamos, desse modo, diversos elementos indicativos da aproximação entre os trabalhos dos artistas em questão.
O artigo examina a forma como, ao adquirirem obras dos seus colegas, os artistas desenvolvem redes através das quais se identificam uns com os outros. Estas redes permitem compreender a história da arte como um vasto campo de relações interligadas e interdependentes. Mostramos como ferramentas digitais não só permitem traçar estas relações, mas sobretudo como as diferentes formas de visualizar graficamente as redes entre artistas-colecionadores e artistas-colecionados contribuem para a compreensão das dinâmicas de identificação.
A tradução em outros tipos de mídia de pinturas no séc. XIX atendia a vários anseios, que incluiam questões acadêmicas - como no caso da Academia do Rio de Janeiro, que enviava pintores a Europa para traduzir obras de grandes nomes e criar referências para seus estudantes -, ou o fomento do mercado de arte, que rendia lucros a iniciativas como o Maison Goupil, e difundia a produção dos artistas. Este artigo analisa comparativamente como as traduções se davam nos cenários de França e Brasil, observando semelhanças e diferenças em processos como a produção e a circulação de obras.
O artista judeu Lasar Segall teve uma existência nômade e instável em contextos bastante diversos. Sua produção se guiou pelo que chamava de "imagens interiores," termo que indica ideias, visões e memórias marcadas por percepções e pensamentos. Este estudo faz uma análise crítica de algumas obras de Lasar Segall, bem como de textos escritos por ele. Buscando compreender o conceito pictórico central de sua obra, objetiva-se enfatizar a importância da noção de "escritura entre mundos" para sua produção artística.
Este estudo tem por objetivo analisar a produção de Portinari para a sede da revista O Cruzeiro (1949), notadamente os estudos para a pintura mural decorativa de temática histórica planejada para o edifício. Esta produção é emblemática por exemplificar as preocupações nacionalistas presentes no debate artístico do final da década de 1940, em geral, e o posicionamento de Portinari diante da pintura histórica, em particular.
Este artigo pretende apresentar a obra do compositor brasileiro Antônio Carlos Gomes (1836-1896) inserida no contexto do teatro italiano, onde ela se desenvolveu dentro de uma fatura composicional específica, mas também com o auxílio de refinados recursos técnicos de encenação. Atuando em conjunto com a música, estes recursos de encenação (cenografia, figurino e iluminação) mediam o espetáculo operístico e impõem ao espectador uma percepção uniforme da obra musical.
Apresentamos a transcrição do artigo "Jardins" de Roberto Burle Marx, publicado na Revista Municipal de Engenharia de 1949. O texto revela um Burle Marx mergulhado nas questões da arquitetura moderna com jardim, onde o paisagismo assumia, para além da função estética, a de aproximar as pessoas da natureza, assim como de preservar as espécies nativas.