Abstract
O objetivo deste trabalho foi relatar o caso de um cão, mestiço, de dois meses de idade, atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) com histórico de emagrecimento progressivo, diarreia e vômito. Ao exame clínico, foi observado mucosas pálidas e sopro grau IV em foco mitral. Foram realizados exames radiográficos simples e contrastados e, posteriormente, atribuído o diagnóstico de megaesôfago. Devido a complicações posteriores, o animal foi submetido à eutanásia e encaminhado ao Departamento de Patologia Animal - UFU. À necropsia, foi visualizado cordão brancacento cilíndrico com origem no coração, comprimindo traqueia e esôfago. Acima dele, observou-se dilatação esofageal com presença de líquido leitoso. O megaesôfago foi atribuído à persistência do arco aórtico direito (PAAD). A PAAD é considerada a alteração de anel vascular mais comum em cães. Em animais jovens, caracteriza-se por ser a principal causa de disfagias e dilatações do esôfago. Durante a embriogênese, há formação de diversas estruturas vasculares, entre elas os arcos aórticos. Em condições fisiológicas, o arco aórtico esquerdo persiste ao nascimento e dá origem a aorta descendente. Se o arco aórtico direito não regride, é este quem dará origem a aorta, se posicionando à direita do esôfago e traqueia. O ducto arterioso que regride ao fim da formação fetal em ligamentum arteriosum, transpassa o esôfago, causando compressão a nível da base cardíaca e dilatação cranial do órgão. Apesar de pouco frequente, o megaesôfago congênito por PAAD deve ser considerado como diagnóstico diferencial no caso de cães jovens com disfagia. Alterações congênitas dos anéis vasculares, caso não corrigidas, possuem prognóstico desfavorável.
References
ALVES, J. et al. Mecanismos fisiopatológicos da nocicepção e bases da analgesia perioperatória em pequenos animais. Acta Biomedica Brasiliensia, v. 8, n. 1, p. 56-68, 2017.
ANDRADE, S.F.; NOGUEIRA, R.M.B.; MELCHERT, A. et al. Semina: Ciências Agrárias, v. 28, n. 3, p. 477-482, 2007.
BUCHANAN J.W. Tracheal signs and associated vascular anomalies in dogs with persistent right aortic arch. J Vet Intern Med. 2004;18(4):510-514.
FARROW, C.S. Veterinary Diagnostic Imaging the Dog and Cat. St. Louis: Mosby, 2003.
HELPHREY, M. Anomalias vasculares anelares. In: BOJRAB, M.J. Mecanismos da Moléstia na Cirurgia dos Pequenos Animais. 2ed. São Paulo: Manole, 1996.
HOLT, D. et aI. Esophageal obstruction caused bya left aortic arch and na anomalous right patent duclus arleriosus in two Gerrnan Shepherd Iittermates. Veterinary Surgery, v. 29, p. 264-270, 2000.
JOHNSON, S.E. Diseases of the esophagus. In: Sherding, R.G. The Cat Diseases and Clinical Management. 2.ed. Philadelphia: Sauders, 1994.
JOHNSON, S.E.; SHERDING, R.G. Esofagopatias e Distúrbios de Engolição. In: BIRCHARD, S.J. Clinica de pequenos Animais. 2 ed. São Paulo: Roca, p.791- 809, 2003.
JONES, T.C.; HUNT, R.D.; KING, N.W. Patologia Veterinária. 6.ed. São Paulo:
Manole, 2000.
KOC, Y. et al. Persistent right aortic arch and its surgical correction in a dog.Turkish Journal of Veterinary and Animal Science, v.28, n.2, p.441–446, 2004.
KOZU, F.; SILVA, R.; SANTOS, C. Doenças do Esôfago: Megaesôfago. Tratado de Medicina Interna de Cães e Gatos, v.114, p. 2933-2941, 2015.
LUIS-FUENTES, V. & SWIFT, S. (1998). BSAVA Manual of Small Animal
Cardiorespiratory Medicine and Surgery, 1st ed. BSAVA 9-195.
MEIRA, J. et al. Megaesophagus secondary to persistence of the right aortic arch in a German Shepherd dog - case report. Archives of Veterinary Science, v. 25, n. 5, p. 20, 2020.
NAM, Y.S.; LEE, C.H.; CHUNG, D.H. et al. Left costocervical vein malformation with anomalous ramification of aortic arch in a dog. Journal of Veterinary Science, v.4, p.205-208, 2003.
PINTO, V.S.; CUNHA, O.; GUIRRO, E.C.B.P. et al. Persistência do arco aórtico direito com ducto arterioso patente em um cão: relato de caso. Revista Científica de Medicina Veterinária – Pequenos Animais e Animais de Estimação, v.7, p.511-514, 2009.
PLESMAN, R. et al. Thoracoscopic correction of a congenital persistent right aortic arch in a young cat. The Canadian Veterinary Journal, v. 52, n. 10, p. 1123, 2011.
RICARDO, C.; AUGUSTO, A.; CANAVESE, S. et al. Double aortic arch in a dog (Canis familiaris): a case report. Anatomy Histolog Embryology, v.30, p.379-381, 2001.
STURION, D.J.; STURION, M. A.T.; STURION, T.T. et al. Correção cirúrgica de persistência de arco aórtico direito em felino de dois anos: relato de caso. Jornal Brasileiro de Ciência Animal, v.1, p.86-93, 2008.
TILLEY, L.P., SMITH JR., F. W. K., OYAMA, M.A. & SLEEPER, M.M. (2008). Manual of Canine and Feline Cardiology, 4th Ed. Philadelphia: Saunders Elsevier, 215-223.
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.