Espaços de branquitude: segregação racial entre as classes médias em Salvador, Bahia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/2236672536942

Palavras-chave:

Branquitude, Classes médias, Espaço, Segregação racial, Bahia

Resumo

Neste artigo, examino as formas como uma identidade branca é construída a partir da ocupação de espaços racialmente segregados da cidade de Salvador, na Bahia. Alinhando-me aos estudos críticos de branquitude, busco entender como os mecanismos de aproximação a uma identidade branca e a tudo que a ela é associado funciona como forma de distinção social das classes médias, garantindo-lhes acesso privilegiado a bens e recursos. A partir de pesquisa realizada no Loteamento Aquarius, situado na Pituba, bairro de classe média alta, examino os processos cotidianos de produção de espaços de branquitude, buscando compreender como uma cidade segregada afeta a produção de sujeitos sociais e como estes sujeitos, por sua vez, afetam a construção da cidade. A metodologia da pesquisa, ainda em curso, constitui-se em levantamento de dados secundários sobre a ocupação do espaço urbano de Salvador, e de dados primários, coletados com base em entrevistas semiestruturadas com moradores do bairro, assim como em observações etnográficas e autoetnográficas.

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Biografia do Autor

Suzana Moura Maia, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB),

Doutora em Antropologia; Professora Adjunta na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).

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Publicado

2019-10-30

Como Citar

Maia, S. M. (2019). Espaços de branquitude: segregação racial entre as classes médias em Salvador, Bahia. Século XXI – Revista De Ciências Sociais, 9(1), 253–282. https://doi.org/10.5902/2236672536942